Como médico e professor de Anatomia Artística amamede não teria qualquer dificuldade
em desenhar a figura humana e expressar a realidade de forma clássica. Com
conhecimentos sólidos neste campo do figurativo, o caminho mais fácil seria certamente
deixar-se envolver nalgum formalismo. Não tem sido essa a sua opção estética.
Na escultura, o autor adopta alguma abstracção como linguagem utilizando diferentes
materiais, como madeira, vidro ou metal, unidos por gesso ou barras aparafusadas de
aço inoxidável. As peças de madeira, por vezes utilizada em bruto tal como a natureza as
concebeu, constituem a base da maioria das suas esculturas criando formas de grande
simplicidade e de alguma rudeza que o vidro ou o metal atenuam mas não escondem. O
artista cria assim esculturas e peças em que a estrutura se desenvolve numa conjugação
de elementos naturais, geralmente troncos e ramos, com os sintéticos, vidro ou metal. O
autor procura manter uma certa ambiguidade utilizando o contraste, por exemplo, entre
a rudeza do sobro não aparelhado que a natureza produziu e a perfeição do vidro ou do
inox que assim lhe dão ênfase.