David Torres

David Torres

 Título da obra - Sem título

Acrilico sobre tela 80x50 (3 cm de espessura)

 Do autor:

A Pintura foi o seu primeiro Curso Superior, que terminou com dezoito valores, tendo tido como professores, entre outros, Dórdio Gomes, Barata Feio e Heitor Cramês. Todavia, a sua insatisfação perante uma arte ainda demasiado académica levou-o a trilhar outros percursos humanísticos, igualmente envolventes, como a medicina e o ensino. Parecia predestinado que David Torres viria a ser essencialmente um pedagogo.

Ainda muito jovem, concluiu o Curso de Ciências Pedagógicas na Universidade de Coimbra e o Estágio para o Magistério Liceal. Em 1970 foi colocado no Liceu D. João III, actualmente Escola Secundária José Falcão, em Coimbra, como Professor Metodólogo dos Liceus, cargo que exerceu durante alguns anos. Foi nessa altura que a disciplina de Desenho passou a designar-se por Educação Visual. Mais do que uma simples mudança de nome tal alteração traduziu-se numa total e completa modificação do espírito daquela disciplina, tendo David Torres ajudado a implementar esta reforma tão profunda e crucial.

Residindo então em Coimbra, aproveitou a sua permanência na Lusa-Atenas para satisfazer uma outra paixão antiga tendo começado a frequentar a Faculdade de Medicina, lado a lado com alguns dos seus anteriores alunos do Liceu. Foi assim que, em 1978, concluiu a Licenciatura em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Estágios Clínicos, Saúde Pública, Serviço Médico à periferia ocuparam a maior parte do seu tempo mas a arte nunca ficou para trás. Assim, em 1993, regressou novamente ao ensino convidado como Professor de Anatomia Artística da Escola Universitária das Artes de Coimbra. Exerceu tal cargo, durante vários anos, colaborando com os outros Professores de Anatomia que entretanto leccionaram na referida Escola de Artes. Continua a ser Professor da Escola Universitária das Artes de Coimbra ensinando, actualmente, Geometria Descritiva I e II (Monge e Cónica).

Profissional bem informado, a sua pintura tem sofrido uma evolução constante e permanente. Como professor de Anatomia Artística e de Perspectiva David Torres não teria qualquer dificuldade em desenhar a Figura Humana e expressar a realidade de forma tecnicamente irrepreensível. Com conhecimentos sólidos nestes campos e nas técnicas de pintura para o pintor o caminho mais fácil seria deixar-se enlear nalgum classicismo. Não foi, todavia, essa a sua opção estética. Sem nunca perder um elevado sentido de composição, procurou romper academismos e conferir à sua pintura um permanente dinamismo na forma e na busca de linhas de força originais distribuindo inesperados nós de tensão de forma equilibrada e harmoniosa. As suas pinturas da década de oitenta caracterizam-se já por grandes superficies de côr, formas simplificadas e fortes contrastes cromáticos enquadráveis no “abstracionismo lírico”. No entanto, a sua evolução tem continuado no sentido da simplificação mais elementar e na procura de formas e ritmos cada vez mais puros com grande dramatismo cromático. A sua pintura assume uma expressividade mítica e solene desprovida de toda a ambiguidade. Neste momento a sua actividade pictórica aproxima-se de forma progressiva e inexorável de um certo “minimalismo geométrico”.

Influenciado por Rothko, Satael, Matherwel e Still David Torres usa uma paleta reduzida, sem cores supérfluas e grandes planos que estabelecem ritmos em largos horizontes dimensionados numa espacialidade precisa porque essencial.